quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Travessia São Francisco Xavier - Monte Verde

10/09/2011
Decidimos que a primeira trilha desse novo projeto seria a travessia entre São Francisco Xavier e Monte Verde.  A dificuldade relativamente fácil da trilha foi um dos principais motivos para ela ser escolhida como ponto de partida. A proximidade de São José dos Campos também facilitou. Para quem não sabe, São Francisco é um distrito de São José.

Partimos de São José dos Campos em direção a São Francisco por volta das 06h30. Depois de uma hora em uma estrada sinuosa, mas muito bonita, chegamos ao centro do distrito, muito hospitaleiro por sinal. Um rápido café da manhã e uma pequena padaria e seguimos rumo a Fazenda Monte Verde, apenas alguns minutos de carro do centro. Do lado da fazenda existe um pequeno terreno onde todos deixam os carros antes de fazer a trilha. Uma primeira dica é deixar o carro nesse local, pois em muitos relatos vi pessoas comentando de deixar o carro no centro de São Francisco e seguir a pé. A não ser que você goste muito de caminhar, mesmo em estradas comuns sem nenhuma paisagem, não acho que vale muito a pena.



Por volta das 09h30 começamos a subir pela trilha. Os seus primeiros metros ainda parem uma pequena estrada, que aos poucos vai afunilando. Essa primeira subida é um pouco mais dura e até chegar ao mirante (Pedra da Onça) levamos pouco mais de 2h30. Nessa primeira etapa, passamos por três pontos de água. Detalhe é que, como não levamos mapas, apenas lemos diversos relatos, estavamos andando e andando e esperando a chegada da bifurcação que separa a trilha até o mirante da trilha até Monte Verde. De repente surge uma clareira, e quando percebemos já estávamos no mirante! Por sorte encontramos com outro grupo lá em cima e els nos explicaram certinho onde é a bifurcação. Fica por volta de meia hora antes do mirante, é apenas uma aberturinha na mata, e a saida para a trilha de Monte Verde é bem apertada se comparada a de São Francisco. Na verdade não é nada tão escondido, mas achavamos que era um pouco mais demarcado e passamos batido.

Depois de alguma conversa e de um pequeno almoço, voltamos pela trilha, achamos a tal da bifurcação e começamos a descida até Monte Verde. O caminho fica bem menos pesado, uma descida continua sem muitos problemas, apenas uma mata um pouco mais fechada. Em pouco tempo chegamos no Bosque dos Duendes, pra mim, o lugar mais legal da travessia. Lembra um cenário do filme Bruxa de Blair ou algo do tipo, árvores altas com copas largas que deixam entrar pouca luz, mas sem nenhuma vegetação arbustiva. Continuamos a descida. Interessante ver como a vegetação vai mudando, passamos por grandes bambuzais, bambuzinhos, uma mata secundária, até chegarmos, depois de quase 3h em um pequeno rio, onde atravessamos por em cima de um troco. Daí já encontramos sinais de civilização, uma cerca e algumas placas de propriedade privada. Continuamos pela lateral dessa cerca até o final. Não percebemos que do lado esquerdo, ao lado de uma dessas placas de propriedade privada, havia uma pequena entrada e acabamos fazendo outro caminho bem mais dificil, atravessamos o rio novamente, encontramos outra trilhas, pulamos algumas cercas e enfim, chegamos em uma estrada, do lado de um restaurante chamado Paulo das Trutas.

Até o centro de Monte Verde vai mais uma meia hora de caminhada por uma estrada de terra. A única paisagem são as grandes mansões e pousadas no caminho. Estavamos preparados para acampar, mas como o cansaço estava grande e a previsão para a noite era de chuva, descidimos ir perguntando os preços nas pousadas. Achamos um chalé no valor de R$110 para os dois casais e decidimos ficar.

Monte Verde, apesar de toda arrumadinha, com sua avenida principal cheia de bonitos restaurandes e lojas, me pareceu uma cidade sem identidade, que esta se fantasiando de Campos do Jordão para tentar lucrar com o turismo. Vimos muito pouco do que realmente é sua cultura. Nos deparamos com preços muito altos tanto em hospedagem quanto em alimentação. Enfim, se pudesse escolher, faria a travessia saindo de Monte Verde para passar a noite em São Francisco, lugar, ao meu entender, muito mais ligado as raízes e tradições, além de mais hospitaleiro. Uma coisa legal foram as lojas de queijos e bebidas que ficam servindo degustação, dá pra experimentar muita coisa e matar um pouquinho da fome! rs

O dia seguinte foi mais rápido, como a trilha de volta seria a mesma, decidimos que voltariamos apenas eu e o João, pegariamos o carro e buscariamos as meninas. Depois de muito perguntar e caminhar, achamos a entrada correta da trilha, que passa pela lateral de uma missão católica chamada Horizontes da América Latina. A caminhada de volta parece ser mais tranquila. Chegamos a bifurcação, descemos e já estavamos no carro. A estrada de terra para Monte verde é bem sinuosa e demoramos quase 1h30 para chegar de carro. Chegando na pousada, mais uma surpresa, o valor era de R$110 reais por casal. As meninas choraram muito o valor e conseguirarm fechar em R$180 o total. Ou seja, mais um motivo para quem for fazer essa trilha fazer de Monte Verde a São Francisco, acho que dá para economizar bastante. Depois foram só estradas e conversas até voltar para casa.
Acho que valeu muito a penas essa primeira trilha como partida para todas as outras que que virão pela Serra da Mantiqueira e do Mar. Serviu como uma volta ao mato, uma porta de entrada, dando ânimo e inspiração.



@Cris. Diário de uma trilha, a primeira de muitas. Logo quando voltei da caminhada realizada de São Francisco Xavier até Monte Vede, posso dizer que aprendi muitas coisas. Uma delas é sem dúvida usar roupas apropriadas. Apesar de não ter sentido o peso do clima, nem calor e nem frio, durante a caminhada minha canela e braços ficaram expostos e não demorou muito para eu ficar toda arranhada e cheia de feridas por “esbarramentos” e tropeços na trilha. Também aprendi que o silêncio é fundamental para descansar a mente dos companheiros de viagem; mas e que algo “mucho loko” aconteceu comigo, eu fui de um humor abaixo de zero (em nível de tolerância), para os picos dos 100% de adrenalina. Isso porque logo ao superar a subida de quase 3h30 e de colocar a prova a amizade da turma, eu fiquei tão feliz, que exagerei a exaltação. Falei, falei, falei... E quando já não tinha mais o que falar, falei de novo!

Mas vale a dica: aproveitar alguns momentos e viajar com os próprios pensamentos é um exercício para ser feito, poucos conseguem, mas eu conseguirei! Também aprendi que existe uma postura para caminhar no meio do mato. Vendo os vídeos morri de vergonha de me ver gesticulando e andando como se estivesse pisando em ovos. Mas também tive uns bons acertos, posso me gabar de não ter desperdiçado espaço levando comigo uma toalhinha enxuta para o suor, que sempre pode servir para outras coisas no meio do caminho. Acho que vale deixar registrado a lição mais porreta que aprendi, de que é preciso fazer o esforço de focar a mente para o objetivo final, mas sem deixar de aproveitar a jornada que é sem dúvida o mais importante. Da próxima, os exercícios serão aplicados, (ou, tentarão ser)!



Informações úteis

 Algumas outras fotos:
https://picasaweb.google.com/gutotm10/10092011TravessiaSaoFranciscoXavierMonteVerde

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